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Mitos sobre Aleitamento Materno

Texto da jornalista Fernanda Gentil sobre amamentação fortalece cinco mitos sobre aleitamento materno; veja quais são



Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida do bebê, média brasileira é de 54 dias



Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:05/10/2015

No último sábado (03/10), a jornalista Fernanda Gentil
usou seu perfil no Facebook para compartilhar com seus seguidores a razão de deixar de amamentar Gabriel, seu filho de 2 meses. O texto que já foi compartilhado por quase 40 mil pessoas parece ter ressoado nas histórias de muitas mulheres brasileiras que também não tiveram sucesso no aleitamento materno. O tema é extremamente delicado porque, apesar de no Brasil a cultura da amamentação ter se perdido em razão do uso indiscriminado de fórmulas a partir das décadas de 70 e 80, é de conhecimento público que o leite materno é o melhor alimento para o bebê.
Assim, é muito comum que as mães se sintam exclusivamente culpadas em razão de uma amamentação mal sucedida, sem se atentarem para o fato de as campanhas de apoio ao aleitamento materno venderem uma ideia equivocada de que o bebê já nasce sabendo mamar ou de que amamentar é algo que não tenha nenhuma dificuldade. Além disso, não se pode desconsiderar a falta de apoio de muitas maternidades que oferecem leite artificial para os bebês nos berçários. Tanto o bico da mamadeira quanto a chupeta confundem o recém-nascido e dificultam o sucesso da amamentação, mas mesmo assim são oferecidos em instituições de saúde pelo país afora.
O Saúde Plena conversou com duas especialistas em aleitamento materno para pontuar os argumentos usados por Fernanda Gentil e que pautaram a decisão da jornalista em oferecer o leite artificial ao filho. A expressão “menos mãe”, muito propagada na internet em assuntos que envolvem parto, amamentação e maternidade, não cabe nessa discussão que não tem por objetivo julgar a particularidade dessa história. O importante é rebater os principais mitos que envolvem o aleitamento materno e ainda vigoram no Brasil, país com baixas taxas de adesão à amamentação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida do bebê e a média brasileira é de 54 dias.

Veja o texto de Fernanda Gentil:

Amamentar é automático?

 A enfermeira obstetra, membro do Comitê de Aleitamento Materno do Hospital Sofia Feldman e avaliadora da Iniciativa Hospital Amigo da Criança do Ministério da Saúde, Cintia Ribeiro Santos, e a pediatra e uma das moderadoras do Grupo Virtual de Amamentação (GVA), com quase 60 mil membros, Paula Marconi, lembram que a amamentação é um ato natural e fisiológico e não, automático. “Precisamos quebrar esse paradigma porque fica parecendo que o corpo é uma máquina. Se a mulher já vem preparada desde a gravidez para esse momento, o processo de amamentação vai se iniciar da forma mais fisiológica e natural possível. Uma das iniciativas prioritárias para o sucesso da amamentação é contato precoce pele a pele na primeira hora de vida do bebê. Logo depois que a criança nasce, ela deve ser colocada sem roupa no tórax da mãe. Esse momento vai favorecer o vínculo e o afeto entre mãe e filho. Nessa troca de amor e carinho, o bebê vai conhecer o cheiro da mãe e, por si só, vai procurar pelo seio da mãe. É aí que vai se iniciar o processo da aprendizagem da amamentação que deve acontecer de fomar natural, serena e tranquila”, reforça Cíntia.
A pediatra Paula Marconi lembra ainda que as campanhas de amamentação que mostram a mulher sempre feliz com um bebê gordinho no colo reforçam essa ideia de que amamentar é algo automático: “Não é assim. O bebê não nasce sabendo mamar, ele tem reflexos de sucção e de busca pelo peito materno, mas ele precisa de ajuda para aprender a pega correta (boca em formato de peixe abocanhando toda a aréola e não apenas o mamilo) e vai precisar sugar algumas vezes para também aprender que precisa parar para respirar. É natural, mas não é automático. A mulher que deu à luz não necessariamente foi bem orientada em relação à amamentação e ela pode, sim, ter dificuldades e se sentir culpada por se espelhar numa imagem perfeita propagada por essas campanhas".
Todos os tipo de bico de peito possibilitam a amamentação. A criança abocanha a aréola e não o bico
 

Mamilo invertido, mamilo plano ou mamilo semiplano

 Esse é um dos principais mitos que ainda persistem em relação ao aleitamento materno e muitas mulheres que têm mamilo invertido, plano ou semiplano sequer tentam amamentar seus bebês. “O bebê não mama no bico e ele não precisa de mamilo para mamar, ele necessita é da região areolar (parte mais escura da mama) para se alimentar”, afirma a enfermeira obstetra Cíntia Ribeiro Santos.
Paula Marconi sugere uma orientação especializada para evitar dificuldades com a amamentação. “O bebê ordenha a mama inteira da mãe e, com a consolidação da amamentação, o bico vai se formando com o passar do tempo”, reforça. A pediatra afirma ainda que é muito comum que mulheres nessas condições utilizem bico de silicone, mas ela reforça que, além de não ser necessário, pode prejudicar a amamentação.

Prótese de silicone e cirurgia nas mamas impedem amamentação

 A pediatra Paula Marconi diz que qualquer procedimento realizado nas mamas pode lesar os ductos mamários e, nesse caso, ser um dificultador, mas não um impeditivo da amamentação. A especialista reforça que as técnicas cirúrgicas estão cada vez mais sofisticadas e que existe uma preocupação e um cuidado do cirurgião plástico ou mastologista em não lesar esses ductos já pensando no aleitamento materno. “Mesmo mulheres que precisaram tirar uma quantidade grande de tecido mamário podem conseguir amamentar”, afirma.
Cíntia Lima reforça que na grande maioria dos casos a mulher não terá problema nenhum para amamentar. “É um mito que se planta na cabeça da mulher que fez uma cirurgia na mama. Nesses casos, a mulher precisa ser avaliada individualmente. Mesmo em caso de lesões de ductos mamários, é possível, por exemplo, que a mulher tenha dificuldade maior em alguma das mamas, mas na outra, não. Os cirurgiões têm a preocupação de preservar ao máximo a integridade da mama porque faz parte da cultura da mulher amamentar, mas não faz parte dessa cultura ter apenas um peito bonito. Precisamos resgatar o empoderamento feminino e fazer a mulher acreditar de que ela é capaz. Se ela tiver apoio, pode até enfrentar dificuldades, mas vai superá-las”, observa.

‘Meu leite secou’

A 'fórmula mágica' para o sucesso da amamentação é bebê sugando e a pega e o posicionamento corretos. “Dentro da maternidade a mulher precisa receber o apoio da equipe de saúde para ser orientada em relação à pega e ao posicionamento do bebê. As mulheres precisam saber que desde quando engravidam o organismo já começa a ser preparado para o processo de amamentação com a produção do hormônio prolactina. Com a sucção do bebê, ocorre um aumento na produção de leite. Para uma mãe produzir leite, só é preciso um bebê sugando”, explica Cíntia.
(MamaTutti / Reprodução Internet)
Tanto é que algumas mães adotivas conseguem amamentar seus filhos mesmo sem o terem gestados. Isso é possível pelo processo de translactação em que a mulher coloca uma sonda no peito e que está fixada com micropore próxima à região areolar e conectada a uma seringa, copo ou recipiente seguro. O bebê suga e, por essa sucção, ele começa a estimular a produção de leite da mãe adotiva.

Paula Marconi diz que a hipogalactia materna (produção de pouco leite) atinge 1% das mulheres.
Além da sucção do bebê, a mãe deve estar bem emocionalmente e receber apoio familiar e também de profissionais de saúde. Nas dificuldades que porventura apareçam, a mulher precisa ser fortalecida da sua capacidade em alimentar o próprio filho e não escutar que “tem pouco leite” ou que “o bebê está com fome” e ainda que “ele vai dormir melhor se alimentado por leite artificial”. "É o contrário, estudos mostram que o bebê que se alimenta de leito materno dorme melhor do que aquele que toma leite artificial", pondera Paula Marconi.

A pega correta ou pega boa é quando o bebê abocanhar toda a aréola e não apenas do bico do seio


Dor na amamentação

 Amamentar não dói, se está doendo, a mulher deve procurar ajuda de um profissional de saúde para ser orientada. Cíntia Ribeiro Santos diz que o primeiro elo de dificuldade da amamentação costuma ser a fissura do seio e, consequentemente, a dor. “A mulher precisa sair de dentro da maternidade sabendo, além de qual é a pega e o posicionamento corretos, como fazer a extração manual do leite. "Em casos de mamas muito cheias pode ser necessário esvaziá-las um pouco antes de oferecê-las ao bebê. “Na primeira dificuldade em relação à amamentação, a mulher deve procurar ajuda na maternidade onde deu à luz, nos centros de saúde ou em postos especializados em aleitamento materno”, reforça. Em Belo Horizonte, a Maternidade Odete Valadares e o Hospital Sofia Feldman são referências nesse tipo de atendimento.
E mais
Além de tudo isso, a mãe deve saber que o colostro é alimento e é tudo o que o bebê precisa nos primeiros dias de vida. “O colostro alimenta e sacia. Quando um bebê nasce, o estômago é do tamanho de uma cereja e a quantidade de colostro que sai é suficiente para alimentá-lo. Com o passar dos dias, o estômago aumenta e coincide com a apojadura (descida do leite) que acontece geralmente no terceiro ou quinto dia depois do nascimento, mas pode demorar um pouco mais”, explica a pediatra Paula Marconi.

A especialista reforça ainda que são raras as situações em que a amamentação realmente não será possível. “Algumas doenças maternas como o hipotiroidismo ou problemas neurológicos do bebê que dificultem a sucção podem ser impeditivos da amamentação”, observa.


Tamanho do estômago de um recém nascido



...
Não queremos obrigar as mães a amamentar, mas queremos que elas tenham acesso a informação atualizado e à um apoio por profissional de saúde competente. Toda mulher tem direito a não amamentar, mas, por dificuldades pessoais e falta de disponibilidade não deve fazer apologia à mamadeira e às fórmulas infantis.

Marcus Renato de Carvalho

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