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Neuropedagogia: fixando conteúdos e desenvolvendo a inteligência



O que é Neuropedagogia?

 É a reestruturação da prática docente e discente em função das novas descobertas acerca do Modus Operandi do aparelho cognitivo humano.


Seu entendimento e implementação permitem, ao mesmo tempo, 
(1) compreender as razões do sucesso de vários países na retenção dos conteúdos em seus alunos, 
(2)explicar porque alunos brasileiros tem retenção tão inferior e 
(3) articular uma práxis que aproxime nossos resultados dos obtidos nas melhores escolas. 


Como se estrutura o aparelho cognitivo? 

O encéfalo, nosso aparelho cognitivo, forma um todo complexo pouco compreendido, entretanto, o pouco sabido é suficiente para incrementar nossas práticas escolares. Pode-se didaticamente dividi-lo em três partes: o cerebelo (1), o sistema límbico (2) e o córtex (3). O cerebelo (1) é a parte do encéfalo responsável por estruturar os comandos mecânicos de nosso corpo. Quando aprendemos a falar, a escovar os dentes ou andar de bicicleta é este sistema que recebe as instruções que programam sua rede de neurônios, instruções estas difíceis de serem implantadas MAS que depois jamais são esquecidas. O sistema límbico (2) se compõe do hipotálamo, tálamo, amígdalas e hipocampo. Pode ser entendido como um cérebro réptico completo em sí mesmo. 
A evolução fez com que fosse somado a este cérebro réptil um córtex capaz de dar suporte as capacidades humanas superiores e manteve este cérebro primitivo atribuindo-lhe vários papéis instintivos além da
função essencial de reter as informações colhidas durante o dia. Instintos básicos como o medo e a decisão de lutar ou correr diante de uma ameaça são gerenciados pelas amígdalas e hipotálamo, já o hipocampo perfaz a memória que registra os dados colhidos diurnamente. É no córtex (3) onde se registram definitivamente o que se aprendeu durante o dia. Diversos casos clínicos, como o das irmãs-lobas Amala e Kamala ou como o do sujeito acidentado que esquece o que aprendeu minutos atrás forneceram as pistas de como funciona a aprendizagem.


Como funciona na prática o aparelho cognitivo? 

O córtex, embora possa reter informação equivalente a de milhares de PCs de ultimo tipo não consegue gravar dados durante o dia. Ou ele se deixa ler ou ele se deixa gravar. Aqui se faz analogia com os computadores MAS tal analogia é só aproximação porque nos PCs separam-se dados e processamento e no córtex todo o processo é integralizado, dados e processamento ocupam a mesma rede neuronal. Mas como não se pode gravar no córtex durante o dia, para onde vão os dados? É no hipocampo que guardamos as informações durante o dia. Este se assemelha neuronalmente ao córtex, ocorre contudo que seus dados são COPIADOS para o córtex todas as noites durante os sonhos e o hipocampo é depois apagado. Uma vez no córtex, os dados ficam retidos para sempre... Freud já defendia que não existe esquecimento o que existe é não-lembrança... Esquecer é na verdade não lembrar. Prova-se esta asserção pelo simples fato de se conseguir lembrar de coisas em situações especiais ou ainda sob hipnose (então o dado não foi apagado...). Mas como fazer com que uma informação seja transferida para o córtex?
Ao contrário do cerebelo, onde escolhemos exatamente o que queremos gravar, no córtex o sistema que copia do hipocampo para ele é inconsciente! O critério de escolha do que se copia é dado pela “profundidade” das marcas deixadas no hipocampo. Estas podem ser mais “marcantes” se tiverem uma emoção qualquer associada (lembram das piadas?) ou então se fizermos deliberadamente marcas mais fortes em certos saberes simplesmente os ESTUDANDO! Quando se estuda, quando se lê e se busca compreender um dado conceito, o esforço empregado atribui um certo valor que o sistema inconsciente de cópia RECONHECE como importante e o copia. O truque então é simples: Basta que o aluno ESTUDE no mesmo dia da aula o que lhe foi ensinado! Tem de ser no mesmo dia para que o conteúdo da aula dada esteja no hipocampo. O problema aqui é fazer com que o alune estude...


Como convencer nosso aluno a estudar? 

Não se consegue ensinar alguém desmotivado. Os alunos já sabem que precisam ser independentes, trabalhadores, úteis e remunerados para, futuramente, levar sua própria vida. Essa estratégia funciona? Para muitos funciona, mas não para todos. Muitos estão ainda muito imaturos para entender esses argumentos ou muitos contam com um apoio familiar que julgam infinito. Há também o reforço negativo. As ameaças, a negação de coisas, de viagens e etc. Funciona? Para muitos funciona. Mas não para todos. Enfim, não é possível afirmar que a mesma MOTIVAÇÃO funcione para todos, dai ter MAIS um tipo de motivação é útil por ampliar nosso leque de opções.


Inteligência pode ser ensinada? 

Foi crença comum que a inteligência de cada pessoa fosse um dom individual e estático. Tal crença se baseava em certas proposições da Psicologia tradicional e no senso comum. Eu também – confesso – pensava assim, até que o Professor Piazzi me mostrou o oposto e fui investigar. Inteligência pode ser
sucintamente definida como: “Capacidade de resolver problemas”. Mas, que tipo de problemas? Qualquer tipo de problemas, seja de ordem material ou espiritual. Resolver problemas exige memória, poder de análise, poder de síntese, percepção aguda da realidade, imaginação, capacidade de depreender a ordenação em uma realidade E/OU de impor sua própria ordenação a uma realidade caótica. Diante de um mesmo problema pessoas diferentes tem reações diferentes. Alguns saem da situação e outros ficam estáticos sem saber o que fazer OU fazendo - patéticamente - coisas que não resolvem. Vamos dar um exemplo prático: A mãe sai para comprar o almoço e deixa dois pimpolhos, de 4 e de 7 anos em casa. Ela esconde o pote de biscoito no alto do armário da cozinha e o mais novo assiste a isso imaginando ser um
obstáculo intransponível. O mais velho, ao saber disso, simplesmente pega uma cadeira, encosta no armário, sobe no assento, sobe no encosto e pega o pote e os dois se refestelam no chão da cozinha... O mais novo, agora, diante do mesmo problema já sabe o que fazer... Se antes ele não teve inteligência pra resolver o problema, agora ele tem! É óbvio que o mais velho terá sempre mais inteligência/experiência que o mais novo MAS o contato faz com que o mais novo se aprimore... Cada vez que aprendemos algo nos tornamos aptos para resolver MAIS problemas, ora, assim sendo, nos tornamos MAIS inteligentes. Podem objetar essa idéia alegando que o que primeiro resolveu é que é inteligente, o outro só imitou, entretanto, com o tempo, com a experiência, a mente vai depreendendo por sí mesma as estratégias de pensamento,empregadas nos exemplos de solução e passa a solucionar por si só.... Observem os exemplos a seguir:

1) 35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! 4R4BÉN5! 


2) De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Itnereasste não? Não é Aussatosdr o que nsosa mnete é cpaaz de fzaer? Vcêos sbaaim dsiso? 


Pensem na vantagem desta concepção: Se adotarmos estratégicamente que inteligência pode ser ensinada, que compomos uma escola de inteligência e que a nossa tarefa é aumentar a inteligência dos alunos fornecemos mais uma motivação. Uma analogia: Há na natureza pedras de magnetita. Estas atraem por sí mesmas o ferro, contudo, se atritarmos magnetita a um pedaço de ferro este também passa a atrair ferro. Nossos alunos são como pedaços de ferro e nós somos como magnetita e é com o ATRITO,
contato, aula e exemplo que tornamos nossos alunos mais inteligentes! Vamos confessar: Quem de nós deduziu sozinho a fórmula de Báskara no ensino médio ou na faculdade? Quem de nós depreendeu sozinho as propriedades dos lantanídeos da tabela periódica? Ou, quem de nós deduziu de per sí a teoria dos sólidos de Platão? Nós apreendemos tudo isso com os gênios do passado e hoje repassamos aos nossos pupilos... Isso nos torna menos inteligentes? Claro que não! Gênios sempre haverão. Aprender com eles e ensinar o que eles descobrem é nossa função. Não podemos dizer que nossa escola forme gênios por que - estes sim– são singulares, MAS, podemos defender, sem medo, que ensinamos inteligência!

Como se deve então estudar? 

Estudar é esforço pessoal e intransferível. É o córtex do estudante que recebe a informação. É refletindo sobre o conteúdo, questionando, descobrindo por sí mesmo, que as conexões, as sinapses (ligações entre neurônios) vão se formando no hipocampo e quanto melhores elas forem, melhor a qualidade da
cópia que irá para o córtex. Um caderno é essencial. Quando o estudante escreve COM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS um conceito apreendido ele se torna proprietário deste saber. Mas vale uma ressalva: Reter palavras não é o mesmo que reter conceitos! Palavras expressam conceitos, MAS são só suas expressões. Nós as usamos para comunicar e interpretar conceitos. É muito comum alunos decorarem palavras e repeti-las nas provas dando a impressão que compreenderam os conceitos quando, na triste verdade, só repetem palavras e é necessário aplicar estratégias para detectar tal erro. Os novos tipos de exames, como o ENEM ou vestibulares detectam isso.

Relato de um experimento prático => 
A partir da metade do segundo trimestre de 2010 testei a Neuropedagogia. Expliquei a estratégia aos alunos, os convenci que podem se tornar mais inteligentes e lhes cedi os últimos vinte minutos das aulas para que desenvolvessem solitariamente, na minha presença, o Questionário universal. (verso desta folha). Tal questionário é a minha estratégia para ajudá-los a fazer as conexões sobre os conteúdos ensinados. Ao responder as perguntas, O que é? Quem fez? Como fez? Quando? Como? e Porque? O aluno pensa, raciocina e surgem dúvidas e ele pensa mais e busca no texto e reflete de novo... O que percebi foi que alunos interessados mas medíocres tiveram GRANDE melhora em suas notas e grande melhora na retenção. Alunos brilhantes são brilhantes com qualquer sistema ou professor. Alunos desinteressados dificilmente se engajam em qualquer tarefa MAS este método se mostrou VALIOSO para aqueles alunos interessados que precisavam de uma estratégia para estudar (a imensa maioria). Com a melhora da nota se vê claramente que os índices de qualidade melhoram no geral. Tal questionário é útil para fixar os conceitos nas disciplinas onde os conceitos exigem reflexão, ou seja, praticamente todas. 

AUTOR : Professor Marco André =>  Filosofia e projetos

fonte de pesquisa:http://www.faetec.rj.gov.br/ee
efvm/images/neuropedagogia_professores.2.pdf
http://neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html

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